Em tempos de correria, tecnologia ilusória e rotina no modo automático, mal paramos para pensar no real significado de felicidade, amor e dor. Pior que isso, dificilmente filosofamos se o significado que damos para essas palavras é o mesmo para o resto do mundo. O que eles acham? Esse mundo que muitas vezes vive em uma fábrica, mal podendo parar para ir ao banheiro. É exatamente isso que esse maravilhoso documentário tenta abordar, a humanidade e suas diferentes visões baseadas em suas diferentes vivencias.
Do Brasil até a Índia, da China até o Chile, nada é igual. Vivemos em culturas diferentes, horários diferentes e apesar do modo americano de ser tentar tomar conta das nossas vidas, é bem complicado e quase que impossível encontrar um padrão entre todos esses lugares. Mas, afinal, é essa a graça de tudo e é isso que o documentário quer mostrar.
Sabe aquela expressão “Reclamar de barriga cheia”? Pois é, se você já se sentiu mal em reclamar da comida que tinha no prato, aqui você vai se destruir de tanto chorar, pois vemos relatos emocionantes que vão desde crianças abusadas que fugiram de casa, até avós que viveram muito, mas ainda pedem socorro para poder se alimentar. Existe e se fala muito no fator político e como o capitalismo só parece dar certo para quem consegue manter um modo de vida americano. O que fazer quando uma criança de sete anos diz que vê felicidade em ver o seu pai chegando em casa feliz por ter todos bem em casa?
A fotografia é outro fato marcante, ela ajuda a construir todos diálogos expostos e de alguma maneira ela consegue costurar tudo e ressaltar a beleza do mundo, apesar da fome, do sofrimento e das batalhas diárias que muitos povos são obrigados a passar por causa do capitalismo que deu as costas para tudo isso. Temas como machismo, violência doméstica, homossexualidade e o sistema penitenciário também são assuntos importantes que mostram que, às vezes,o copo meio cheio pode vir dos lugares mais obscuros da vida.
Fiquei muito feliz que adicionaram legendas até quando a língua falada era português, dando espaço para deficientes auditivos.
Por fim, podemos dizer que se trata de uma grande imersão no ser humano e quase que uma lavagem cerebral positiva para abrirmos os olhos para além do obvio. Um documentário emocionante que é extremamente difícil de justificar ou de tentar explicar sua mágica, talvez seja justamente isso. Não há nenhuma mágica, apenas a dura realidade de se viver, desmoronar e continuar andando.