O segundo filme baseado nos livros de Bridget Jones foi feito em 2004. Doze anos foram suficientes para vermos grandes mudanças humanitárias em nosso meio social. Gays, negros, mulheres e transsexuais cada vez mais lutam pelos seus direitos e ganham mais espaço no meio do caos preconceituoso. O que é ótimo. Mas, é curioso como uma diretora mulher que deveria enxergar que certas piadas não funcionam, insiste em usar termos e ações contrárias. Como Bridget se condenar e se chamar de PUTA porque dormiu com dois homens em um curto período de tempo e não sabe ao certo quem é o pai de seu filho. O que poderia ser engraçado ou passar despercebido causa um efeito contrário e dá a arma para muitos homens e mulheres, que compartilham da mesma opinião, julgarem uma mulher que finalmente conseguiu se aceitar e se sentiu bem o suficiente para dormir com dois homens em pouco tempo por, pasmem, amar sexo (horrível, não é mesmo?). Se isso não fosse o bastante, esse assunto volta à tona por outros meios, para não repetir a palavra puta pelo filme.
Pode ser pior? Até pode, mas de uma forma que não soube enxergar se o filme tentava lutar a favor dos gays e feministas ou se aproveitar do momento para soar engraçado, mas não preconceituoso.
Veja bem, isso pode parecer um tanto quanto chato de minha parte, afinal, uma piadinha que não esteja julgando, não precisa ser levada tão a sério. Realmente, algumas piadas apenas temos que deixar passar, isso se você tem a capacidade de rir de algo, mas saber a importância da luta das mulheres e LGBTs. Porém, quando vivemos em uma sociedade que grande parte é machista e homofóbica esse tipo de piada vira justamente a arma que foi dita e o ponto certo para preconceituosos se encherem de razão. Por isso, piadas como “Essas mulheres já não tem direitos demais? Para que querem mais?” ou mulheres mostrando o seu corpo para falar que precisam de liberdade, são colocadas em uma situação ridícula para parecer cômico. O que ao meu ver, é trágico e um retrocesso. Como eu disse: NÃO ESTAMOS MAIS EM 2004.
Mas, se existir uma maneira de isolar tudo isso que foi dito e enxergar o resto, realmente temos situações engraçadas e bonitas. Inclusive, ele chega a surpreender, devido ao seu primeiro ato ser devagar e não tão engraçado e o seu segundo ato chegar com um ritmo melhor, com mais piadas interessantes e menos forçadas. E claro, graças ao fator Colin Firth tomar conta deste ato e deixar um pouco de lado o Patrick Dempsey que, infelizmente, não se encontra muito bem dentro da trama e não sabe se é o moço natureba ou o galã de TV famoso.
Pesada essa crítica, não? Eu preferia que não fosse assim, até porque ao mesmo tempo que o filme carrega todos esses problemas, ele tem um bom rumo e objetivo. Acabou se saindo muito bem com a perda de Hugh Grant, do elenco original, que não quis participar dessa vez, mas se tivesse topado, em pelo menos em uma cena final, teria sido a cereja do bolo para uma possível sequência.
Bridget, por favor, se ame mais e não deixe diretores, produtores e roteiristas estragarem sua história cômica, bonita e trágica, por causa de detalhes que pesam muito em uma trama que deveria se aproveitar do momento e falar da importância de BRIDGET lutar pelos direitos que as mulheres tanto precisam.