Amor é aquele sentimento que não sabemos bem se já o deciframos ou se existe um significado que possa ser explicado por meio de palavras. Não há como saber e parece que nunca vamos descobrir, talvez essa seja a graça do amor. Como na vida real, os filmes tentam incansavelmente decifrar esse sentimentozinho tão complicado. Mas, a verdade é que quanto mais isso tenta ser explicado, mais difícil um filme fica de ser assistido. Lembranças de um amor eterno ou La corrispondenza, é um filme italiano que tenta buscar esse significado de formas meio estranhas, o que torna o amor meio nojento.
Com 116 minutos de filme, que parecem 200 minutos, a trama se estende demais. O assunto é muito bom e a ideia mais bacana ainda, mas acaba ficando cansativa por, primeiramente, tentar estabelecer uma conexão empática do casal com o público e por construir diversas cenas desnecessárias, que poderiam ter sido facilmente cortadas sem afetar a trama.
Por não construir o relacionamento de Ed (Jeremy Irons) e Amy (Olga Kurylenko) antes do sumiço do professor, tudo fica muito raso e o que era para ser visto como um caso de amor, parece uma doença, um amor fruto de uma traição, que após o sumiço de Ed acaba virando uma obsessão de uma mulher que parece mais sofrer por um homem do que realmente amá-lo. As cenas de Amy procurando por Ed me deram NOJO. O que eu vi ali não foi amor, foi uma mulher sofrendo por um homem que se relacionou com ela por anos e não teve o mínimo de decência para compartilhar com ela que estava morrendo. Além disso, os vídeos poéticos que Ed deixa para a pobre Amy, como uma forma de dizer adeus, são tão egocêntricos que só a fazem sofrer mais ainda lembrando de um homem que cagou pra ela. É lamentável.
Giuseppe Tornatore constrói um tipo de filme bem europeu, com queles personagens que se abrem exageradamente para a história. A trama é mal construída, com cenas desnecessárias e que não acrescentam nada, só servem para deixar o espectador confuso.
Mas calma, apesar de tudo e ironicamente da minha parte, digo que existem cenas e momentos que podem ser aproveitados! A cena em que Ed realmente se despede de Amy é muito bonita pela fotografia e pelo momento dramático que ali consegue ser construído. Em resumo, toda sua parte final é muito boa, uma pena que mais de um terço do filme seja cansativo e descartável.