A lenda do homem que foi criado junto aos macacos, conhecido como Tarzan, talvez seja uma das histórias mais antigas e mais adaptadas ao cinema desde que ele foi criado. Mas, em certo ponto, é normal se questionar se é realmente necessário atualizar essa lenda, seja por meio de animação ou um live action. As vezes uma história é tão mexida que fica mais cansativa que ver os pais do Bruce Wayne morrerem. Criar um novo ponto de vista para uma história tão passada é uma opção que funciona até certo ponto, porque criado esse diferencial, é bom investir em um roteiro bom e atores melhores ainda. E nesta versão, vemos um ótimo acerto em um e mediano em outro.
Nem preciso dizer qual acertou quando digo que no elenco temos Christoph Waltz, Samuel L. Jackson e Margot Robbie juntos né? O filme conta quase com um elenco Tarantinesco mas não segue bem esse modo de contar a história. História que aliás mistura algo meio Disney mas também tenta ser adulto, uma junção de piadas adultas com outras bobas sem sentido. E outro item Disney é tentar transformar o Tarzan em um super herói meio Marvel, o que é chato, já que a parte mais divertida do Tarzan é ele ser uma lenda HUMANA.
Entre erros e acertos, o filme nos emociona de uma forma meio hipócrita, já que nos emocionamos com a morte de animais bonitos, como macacos, aves e etc, enquanto saímos do cinema e vamos comer um hambúrguer ou um peito de frango, entende? A crueldade dos humanos e dos animais é mostrada para nos fazer refletir que desde sempre o homem (branco) tentou mandar, tentou ser impiedoso quanto ao seu poder e prendeu os negros por jóias, matou os animais por pele, osso e etc, apenas por business. E isso, por incrível que pareça ainda acontece, e a pergunta é: Até quando vamos ver os filmes e livros deixar isso bem claro nas nossas caras e apenas deixarmos passar?
Dada a reflexão, creio que foi o ponto mais forte do filme, aquele que prende e tal. De resto vemos uma ação gostosa de se ver, daquelas meio sessão da tarde, que diverte, emociona e passa. Os efeitos são meio bipolares, a cena dos animais são fantásticas, mas as cenas dele pulando nas paisagens são tão ruins que parece um fan art muito mal feito.
Ponto alto para a história criada que enrola bem a origem do Tarzan, da Jane e explica bem o porquê dos indígenas saberem falar um inglês britânico tão bem. Outro lado que deve ser ressaltado é a entrega que o ator Alexander Skarsgård se deu fisicamente, ele deixa claro seu incomodo em estar ali no meio dos humanos, seu corpo é rígido quase o filme todo e eu espero que isso seja a sua atuação boa e não uma péssima atuação que deu sorte.