Lá em 2002 (pasmem, QUATORZE ANOS ATRÁS) o jovem Wes Anderson com seus trinta e cinco aninhos, trazia seu quarto filme e talvez o primeiro filme com a suas assinaturas mais marcantes: a palheta de cores, a excentricidade e a simetria, que alegra qualquer pessoa que sofra de TOC. Wes trazia os Excêntricos Tenenbaums como uma forma de mostrar para o que veio e também para mostrar como ele realmente é por trás dessas excentricidades, e por mais que eu não faça a mínima ideia, as vezes sinto que este em especial é um filme muito sincero sobre si mesmo.
Para começar, foi como se ele tivesse feito uma lista com os melhores atores (ou os mais marcantes) das últimas duas décadas e juntasse todos para produzir o filme. Curioso é que como a história do filme, todos atores escalados tinham um pé na excentricidade, naquela época, muitos nem tinham mostrado muito disso ainda, mas ele provavelmente já previa.
A história é algo leve, sem muitas armações de roteiros ou plots. Aquele tipo de história legalzinha de se ver para se distrair, sabe? Pois é, mas a história nem importa tanto quando temos uma construção de personagens fantásticas que por si só faz o filme, além de todos os outros mínimos detalhes que fazem cada cena do filme parecer um quadro. O mais legal é que a sua direção é tão boa que os atores conseguem sentir toda a excentricidade que ele quer passar, ver o filme é como sentir que a historia é real de tão bem conduzida por eles.
Além disso (se pode existir um além disso), temos um amor proibido, um amor tentando ser reconquistado e um amor que se foi, então temos vários amorzinhos de aquecer o coração, como você pode notar. A maneira leve que muitas vezes o filme se leva, faz tudo ficar mais bonitinho, de uma forma que todas as vertentes amorosas mostras no filme, possam parecer sinceras e bonitinhas. O amor mostrado, muitas vezes já aconteceu, já acabou, acontece, foi guardado e sobreviveu por anos escondido ou então começou agora, mas de qualquer forma você consegue sentir empatia e notar o amor vivendo ali.
Outro ponto é a excentricidade mostrada, que sinceramente, não me parece nada de excêntrico. Indo para um lado mais filosófico da coisa, tudo que parece ser original, que parece ser feito da forma que a pessoa quer se conduzir vira excêntrico pela sociedade, quando o normal, acomodado e igual a tudo para ser aceito, que devia ser notado com olhos mais rigorosos.
Uma trilha sonora cheios sentimentos que diz muito também e que ajudam a criar fortes características aos momentos precisos do filme. O talento de Wes é notado principalmente neste, justamente por ser um dos seus primeiros.
E claro, ponto alto para as atuações de Anjelica Huston maravilhosa, Gwyneth Paltrow sexy e poderosa, Bill Murray com todo o seu jeito canastrão de atuar e um Ben Stiller transbordando magoas perceptíveis como só ele sabe fazer. Um filme que pode te agradar ou não, mas com certeza vai de alguma forma mexer com você.