Nos tempos de uma geração Y desmotivada pelo mundo difícil que encaramos VS o mundo colorido que realmente queremos viver, esse filme cai muito bem. Florence é um filme dramático, mas muitos insistem em vender como uma comédia. Cabe que, sinceramente falando, ele se torna uma comédia ou um drama dependendo da forma que você enxerga o mundo e os seus sonhos. Entenda a baixo.
O que você precisa saber sobre o filme: Meryl Streep interpreta uma rica herdeira que tem apenas duas paixões: a música e o seu marido (que é interpretado pelo Hugh Grant). Para suas práticas de canto ela recebe ajuda de Simon Helberg, só que: ela canta muito, mas muito mal. Ok, parece um enredo fácil para uma comédia, certo? Depende, como eu disse. O fato dela cantar mal pode gerar boas piadas, mas quando rimos, entramos no mesmo corpo daqueles que riram do ÚNICO sonho dela. Quando rimos, colocamos alguém para baixo, pelo menos é essa sensação que tive.
Quando você consegue se teletransportar para o mundo de Florence, entende as suas visões graças a MARAVILHOSA atuação de Meryl, você entende que não é um filme de comédia, já que ela não tem nada além das duas coisas que eu citei acima e durante a trama tentam mostrar que nem isso é bem dela. A música é algo lindo e parece ser algo bem definido quando o assunto é cantar bem, mas o filme tenta mostrar uma nova visão e quebrar um pouco isso: o que é cantar bem? É cantar afinadamente ou cantar de forma sincera e profunda?
Meryl e Hugh formam um casal complicado e, provavelmente, não deveriam criar um laço muito forte, mas é impressionante como facilmente eles criam. A atuação de ambos é tão boa que realmente parece que eles são casados desde sempre. Outro ponto alto e digno de atuação é Simon, que quebra a maldição Big Bang e que prova que algum ator de Big Bang Theory pode fazer qualquer outra produção sem ficar preso ao personagem da série. Aliás, sua atuação é tão boa que nem dá para lembrar que ele faz a série.
É curioso pois quando vi a versão francesa, Marguerite, achei que aquela seria uma versão mais real que a americana. Me surpreendi quando fui pesquisar e vi que essa é realmente mais embasada que a outra. Mas, não dá para comparar, sorte a nossa em ter duas produções tão boas contando a mesma historia com olhares diferentes. As duas te deixam maravilhados, emocionados e tocados, te fazendo pensar que apesar de não ser a coisa mais agradável de se ouvir, aquilo que ela fazia em cima dos palcos era arte, pois vinha da alma, da dor, da alegria e isso merece respeito. É como ela mesma diz em determinado momento do filme: “Muitos me julgaram por cantar mal, mas pelo menos eu cantei”. É isso. É a coragem, a força que só quem ama arte tem.
Não tem como não se emocionar vendo e acompanhando essa história. Ela é pesada, é esperançosa, mas ao mesmo tempo destruidora. Indico sempre e com certeza ambas versões estão agora no meu grupo de filmes favoritos.