Sempre analisei o Fabio Porchat como dois atores em um corpo. Existe um gênio que atua muito bem, mas só aparece em vídeos do youtube e outro Porchat que só faz filme sem graça, sem conteúdo e que tenta chamar atenção com preconceitos e tem medo de mostrar quem realmente é para atrair mídia. Logicamente que quando algo vem da produção do Porta dos Fundos, que tem pelo menos uns 90% de vídeos com um conteúdo engraçado e relevante para o momento atual, você espera que o filme seja muito bom ou pelo no nível né? Pois é, eu me enganei.
Eu tinha esperanças que dentro de uma sinopse fraca, haveriam boas piadas, aquelas que desconstroem preconceitos diários que mal sentimos (que só quem sofre sente). Esse era o melhor momento para o Porta mostrar o seu potencial! Mas não, eles tomaram a decisão de serem mais do mesmo, coisa que a Globo filmes faria facilmente. Foi deveras decepcionante, justamente porque você sabe que o pessoal que produziu e atuou tem MUITO potencial.
A primeira coisa que se nota é uma preguiça enorme, é como se os dois amigos se juntassem e falassem:
- Vamos fazer um filme sobre qualquer coisa, para ser O filme do Porta?
E fim. Fizeram apenas para tornar algo real, sem pensar em um enredo firme, explicações no mínimo razoáveis, forma de direção e principalmente, piadas boas. Eu odeio ficar batendo em coisas complexas demais, afinal, eu defendo o puro entretenimento, mas é explicito que o filme não tem identidade alguma. Na própria direção é sentido isso e para criar motivos de risadas, eles apelam para o famoso humor físico e repetitivo, daqueles que o seu tio faz para chamar atenção das crianças sabe?
Sem contar as piadas que propagam o preconceito. Quando o Porta estourou, eles gostavam justamente de propagar o não preconceito, mas quando você abusa da imagem de alguém por ser gordo, tudo fica meio bobo, perde qualquer sentido de ser engraçado e só os idiotas batem palma, estes que acham que mulher bonita é magra ou estilo panicat.
Eu sei que existe uma grande intenção no filme, dá para notar que eles queriam abordar a vida de um artista e a sua privação de vida para ganhar fama e popularidade. Mas tudo isso se perde com cenas e indiretas que soam meio “piada interna”, daquelas que parece que só os artistas vão rir e pensar que já viveram tal ato. E isto com certeza é uma perda lamentável do filme, sentir um potencial perdido e a clara falta de planejamento sobre o que está fazendo.
O que dá para salvar no filme são as boas atuações de João Vicente que está bem perdido no filme, Rafael Portugal que salva muito nas cenas dele e Gilmar e Azaghal... digo, Jovem Nerd e Azaghal, que em um minuto de cena mandaram muito melhor que a maioria do pessoal. E minhas sinceras decepções (que não vale nada) para Marco Veras (parem de fazer personagem afetados e estereotipados) e Thati Lopes, dois atores bons com uma atuação triste.
Enfim, Porta dos Fundos marca mais uma passagem no cinema com um daqueles filmes que vai ser esquecido em um ano. Só o Youtube salva, amor.