É curioso quando paramos para pensar que mais da metade dos filmes que assistimos são produções de menos de um terço do mundo. Praticamente seguimos um ou dois estilos diferenciados de se construir uma trama, isto se você costuma a ver filmes que os cinemas dão mais atenção, claro. Quando nos deparamos com produções diferentes como esta sofremos um choque de cultura grande, isto, porque ele é ambientado na Palestina ainda sob domínio britânico em torno de 1945, a história delineia um contexto histórico conturbado, especialmente a partir da criação do Estado de Israel e da eclosão dos conflitos entre árabes e judeus.
E mesmo que seja dirigido por Natalie Portman, que apesar de ter nascido em Jerusalém, passou sua vida inteira nos Estados Unidos, o filme não perde suas características diferenciadas e até causa certo desconforto pelas diferenças culturais expostas.
Esta é a primeira vez que Natalie dirige e creio que ela fez isso muito bem, pois é a sua primeira vez conduzindo uma trama e apesar de ser um filme mais devagar, em um tom mais obscuro, ele é maravilhoso no quesito fotografia, construção de personagens e consegue contar a historia pelos olhos de uma criança, Amos, de forma que realmente pareça uma criança dirigindo o filme.
Como eu disse, Natalie impressiona nas cenas. Como personagem ela consegue mostrar todo o desenvolvimento da mãe de Amos e as consequências da guerra que o país sofria, apenas pelas emoções e histórias que ela conta para o seu filho. E quando Natalie sai para ficar atrás das câmeras, dá um show de profissionalismo, desde cenas que se expressam por si só, sem nenhuma fala, até uma cena que é obviamente inspirada em Os Pássaros de Hitchcock.
O filme não é o mais fácil do mundo de se assistir, até porque ele é todo falando em Hebraico. Usar tons mais escuros e como é Amos que narra a história, tudo é bem mais devagar do que o comum. Mas caso você queira conhecer um filme que foge de tudo que você está acostumado, esta é uma boa opção, já que é muito difícil uma trama falar dos Judeus de forma mais tranquila, sem pesar muito nas histórias de sofrimento do seu povo. Ele emociona quando precisa, sem exagerar e também fica um pouco mais sério quando necessita da sua total atenção. O filme pode ser sobre acontecimentos do passado, mas parece ser tão atual que esquecemos que ele é passado em 1945.
Que venham mais filmes dirigidos por Natalie!