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Resenha - Rua Cloverfield, 10. - A sequência que não é sequência.

Como podemos perceber, para um filme ser sufocante (sufocante positivamente falando), ele não precisa necessariamente ter explosões, um mocinho machucado e entre outros elementos, mas ele precisa de um quarto ou uma escotilha. Rua Cloverfield, 10 volta sendo uma sequência do primeiro filme Cloverfield de 2008, mas ao mesmo tempo não é uma sequência, está confuso? Ótimo, está pronto para ver o filme. Desta vez a trama não é gravada de modo caseiro (infelizmente), mas mantém o suspense dos ataques de monstros alienígenas (ou não) no país com um alvo desenhado, a tão amada terra do Tio Sam.

Para quem não viu o primeiro filme, não muda muito, o que é ótimo. Assim você que gosta muito não vai precisar forçar seu (sua) namorado (a) a ver o primeiro. Nesse filme conseguimos até ter uma visão melhor da história se não soubermos muito bem o que se passa no primeiro, porque até certo ponto que eu vi, ficava me perguntando se era delírio ou se realmente havia um ataque.

As atuações são impecáveis e isso é imprescindível para uma trama construída em ambientes tão fechados. Tudo tem que ser bem estruturado porque se não já era. Dá meia hora e já tem aquele tiozinho no celular, gente falando, crianças que se julgam adolescentes rindo da mocinha da calcinha e etc. Mas graças aos céus, aqui isso não ocorre, pelo contrário. O filme é tão tenso, mas tão tenso que eu tinha a sensação de levar pequenos choques e de tão nervoso quase quebrava a minha mão. O mais legal é que ele assusta e te perturba, e mesmo não sendo um filme de terror, me assustou mais que qualquer um visto nos últimos anos.

Um dos pontos mais interessantes do filme, é que ele consegue mostrar os dois lados da história. Um determinado momento você quer fugir com a Michelle, mas depois já fica do lado de Howard e se pergunta se ele não pode estar em estado de choque perante de tudo isso, fugindo um pouco do lado da narrativa que te faz acreditar que ele seja apenas louco.

Além disso, ele é discreto ao ponto de que ninguém é cem por cento bom ou ruim.

Apesar do filme ser dirigido por Dan Trachtenberg (seu primeiro filme, dá para crer?) e apenas produzido por J.J. Abrams, o que vemos é uma reformulação do que J.J. já fez. Todos os seus mistérios não respondidos, uma escotilha e dois lados de pessoas que não estão nem erradas, nem certas. Parece que eu to falando de Lost, né? Pois é, e não para por aí. As coincidências e o cuidado com homenagens ao jeito J.J. de dirigir, estão muito presentes, inclusive em cenas que o John Goodman fazia o clima ficar tenso. Nessas, ele coloca uma música bem feliz, então você acaba se assustando no meio de um clima de felicidade e calmaria, assim como Ben de Lost em sua escotilha, saudades Desmond!

Rua Cloverfield 10 tem cuidado até em sua filmagem, deixando cores mais vivas misturadas com tons escuros e sombreamentos ótimos. Existe também um equilíbrio na fotografia, como se fosse um jovem Wes Anderson que não tem tantos transtornos obsessivos. Dá para sentir a preocupação em torno de produzir um bom filme, desde a forma que ele foi construído (totalmente em segredo, no começo até para os próprios atores) até seu jeito de finalizar a história, sem muitas respostas, mas cheio de questionamentos, o que pode frustrar aqueles pobres garotos que não gostaram do final de Lost (os mimizentos eternos), já que nunca na história de Cloverfield houve a intenção de responder algo, afinal, não temos respostas para quase nada na vida real, porque em um filme sim?

O filme é bom, te prende e funciona. A ação te deixa apavorado e os mistérios, mais tenso ainda. Mesmo que muitas coisas fiquem em aberto (será que ramona vive?), não vejo gancho para uma continuação. O que seria interessante é mostrar um novo filme Cloverfield com uma terceira visão do ataque desses seres alienígenas (?), mas quem sabe daqui a oito anos né?

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