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Resenha - De onde eu te vejo

É engraçado como muitas vezes esquecemos a cidade que se altera diariamente a nossa volta. Esquecemos que não temos tudo como queremos e, talvez, aquele velho restaurante que você ama ir todo sábado com alguém que você gosta, pode simplesmente ser destruído para dar lugar a um novo super prédio. É o momento que você se toca que a maioria das coisas que nos fazem feliz, não são nossas e em um passo do destino, podemos perdê-las para dar lugar a algo diferente. Basicamente, é esse o resumo do filme NACIONAL (orgulho!) “De onde eu te vejo”.

Não só aqui, mas lá fora também o amor é frequentemente visto de uma forma mágica, bonitinha e com finais felizes, resumindo: amores inexistentes. Mas, Denise Fraga vem como Ana para mostrar que o amor nem sempre é felicidade, mas deve ser mantido vivo do mesmo jeito. Assim como a nossa cidade, com aquele velho cinema ou com aquela velha loja, para que mudar tanto?

O que eu posso falar é que “De Onde Eu Te Vejo” é um filme surpreendente. Supreso por uma trama tão delicada, amarrada e corajosa diante de tanta comédia romântica comum. Surpreso por uma fotografia e planos de câmera tão bonitos que conseguem expressar muito mais que qualquer dialogo.

Aliás, diálogos são outro ponto forte. Se tem duas coisas que me chamam muita atenção em um filme é a fotografia e os diálogos. Ambos conseguem mostrar muito mais que qualquer efeito especial, sem querer desmerecer. Neste, os diálogos ganham brilho por serem reais e identificáveis, desde pais sofrendo com o crescimento dos seus filhos, até seres humanos que se amam mas não se gostam tanto assim. Qualquer pessoa já passou ou vai passar por algum destes e outros exemplos espalhados pelo filme. É difícil não se emocionar, pois o modo que se mescla a evolução da cidade com detalhes do nosso cotidiano e relacionamentos é pesado, no sentido positivo, já que como foi dito, são momentos muito reais com a vivencia do homem na cidade grande.

Mas, claro que a cidade grande não é a culpada, o ser humano que é. A cidade de SP mostra seu brilho intenso e ilimitado nos seus noventa minutos de tela, principalmente tentando captar como ela pode te engolir e como isso é algo positivo. Não importaria se o roteiro fosse fraco (coisa que não é), o filme nunca seria ruim, porque com um elenco com Denise Fraga, Domingos Montagner, Marisa Orth, Laura Cardoso, Juca de Oliveira (em uma única cena, mas uma cena emocionante), Fulvio Stefanini (outro ator que faz apenas uma cena, mas que consegue passar muito sentimento) e outros atores tão bons quanto, seria difícil não dar certo com um batalhão desse heim?

Denise mostra todo seu talento de teatro e Domingos não fica atrás, mostrando sua desenvoltura e uma atuação fantástica que te faz sentir as dores e amores dos dois. Não dá nem para ficar com raiva de nenhum dos dois, pois essa é a vida real. Vivemos apagando e acendendo a luz incansavelmente, errando e começando de novo, sempre.

Queridos, a vida não é um conto de amor, graças, né? A vida se assemelha muito mais a essa linda história do que a qualquer outro romance de quinta. Eu poderia até querer fazer uma brincadeira e chamar de “Medianeiras BR”, mas não somos nós que devemos copiar ou criar uma versão de algo lá de fora, pois, montando um filme tão bem estruturado como este, eles de fora que tem de se preocupar em criar uma versão nossa.

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