De todos os filmes que venho assistindo ultimamente, nenhum me deixou com tantas impressões e emoções ao mesmo tempo, como este. É realmente assustador e preocupante como sua história mostra a realidade do mundo, como foi, como é e, infelizmente, como sempre vai ser. Não importa quem, a massa sempre vai correr para o lado errado, seja porque buscamos proteção em falsos heróis ou porque, infelizmente, no fundo temos um pouco de maldade, intolerância e agressividade correndo por nossas veias.
Sua história vem de um livro com o mesmo nome, que conta a história de que o maior ditador que já viveu na terra, está de volta a vida. Hitler aparece vivo, em um jardim, com a mesma idade que sumiu, do nada, sem nem ele saber ao certo o que aconteceu. Confuso, ele ainda acha que está no ano de 1945. A história é absurda para qualquer um que lê ou ouve, por isso, quando reconhecem ele na rua, logicamente acham que é um ator comediante se aproveitando da imagem para ganhar popularidade e soltar umas piadas. Ai que começa o problema.
O filme é alemão e tem várias sacadas legais, como mostrar a realidade do povo, ele leva o personagem para a rua, para interagir com pessoas reais, mostrando a reação delas e o preconceito delas que vem à tona quando o veem, como se fosse o diabo encarnado fazendo as pessoas soltarem o seu lado mais macabro.
“Você fez o certo, deveria ter matado mais”.
“Precisamos de mais pessoas com o senhor, esses refugiados vão acabar com o nosso país, não somos mais uma raça pura”.
“Vocês não notam como é de mal gosto trazer uma imagem tão macabra para as ruas da Alemanha? Vocês deveriam ser presos”.
Essas são algumas reações que vemos quando o personagem surge nas ruas da Alemanha, não se sabe se são atores, mas não parecem ser. Tanto que muitos acabam ficando com a cara coberta ou borrada, porque a maioria só é macho o suficiente para dizer baixinho, quando ninguém vê. O filme começa a mostrar a sua inteligência a partir daí, mas ao mesmo tempo começa a assustar, pois dá para notar muita semelhança entre aqueles diálogos e a nossa atual situação no Brasil, com os “mitos” que vemos por ai. Inclusive, o próprio filme ironiza isso. Ele mostra como os seus apoiadores, geralmente são aqueles medrosos que precisam se apoiar em algo para usar a força por não saberem dialogar com as diferenças.
A forma que Hitler conduz e manipula tudo para chegar onde quer é terrivelmente inteligente, dá um certo medo como ele consegue captar seguidores e fãs buscando trazer o medo que as pessoas sentem pelo caos mundial que vivemos, para se auto colocar como o herói da mudança, mesmo que para isso tenha de usar a violência e o preconceito.
A ironia permanece ligada no máximo na trama, o que é bem complicado de se assistir, pois alguns podem levar para o lado errado se não raciocinarem direito e realmente achar que o melhor a se fazer é do jeito Adolf. Mas, é bem complicado, se um ser assiste e leva para esse lado, é até capaz dele querer destruir o mundo vendo Peppa Pig.
Um verdadeiro tapa na nossa cara. Cada diálogo que assusta e nos questiona se realmente estamos seguindo as pessoas certas e a que ponto vamos atrás de arrumar briga por algum movimentador, líder ou até aquele comediante ruim de um programa x com suas “piadas” regadas a preconceitos e ódio. Cada cena é trabalhada para mostrar que, com certeza, Hitler ou qualquer líder atual consegue movimentar e criar guerras entre a própria sociedade, apenas com o poder da palavra e usando o medo do próprio povo. Como em determinadas cenas, que mostra pessoas com antepassados judeus, apoiando Adolf, por esquecer a história que seus próprios antepassados sofreram um dia.
Mas por outro lado, ele traz um verdadeiro questionamento. Adolf Hitler foi eleito pelo próprio povo e o seu partido de extrema direita (como sempre) apoiava a violência para quem merecia, como o extermínio a pedófilos e estupradores (já ouvi isso antes?). Então ela te leva a pensar: será que não é a própria massa que gera esses líderes extremistas e preconceituosos porque no fundo uma grande parte da massa também é racista, preconceituosa e visa sempre apenas o seu próprio bem? E até quando vamos esquecer momentos difíceis que passamos e movimentaremos grupos para a volta de momentos dolorosos da democracia, como o nazismo na Alemanha e até por aqui, a ditadura.
Oliver Masucci atua impecavelmente. Assusta, convence e da forma que o filme se finaliza, nos faz crer que Hitler realmente está de volta. Provavelmente se não fosse ele, o filme não teria a força que tem, pois além de nos convencer, ele de alguma forma, convence a extrema direita que participa do filme. E até sua altura, que não condiz com a do Hitler, ajuda para assustar e botar medo.
Eu poderia ficar aqui falando das sacadas geniais do filme, mas tem tanta coisa que provavelmente quem não largou o texto no terceiro parágrafo, largaria aqui. Então deixo apenas minha dica aqui EM LETRAS GARRAFAIS: VÁ ASSISTIR ESSE FILME AGORA.