Rir de si mesmo talvez seja a melhor forma de ser respeitado e de atrair a atenção das pessoas, e parece que isso o grande Stallone sabe fazer muito bem. Nesse filme, ele ensina esse dom para o grande De Niro, para rirmos um pouco dos maiores boxeadores do cinema, um de Rocky e outro de O Touro Indomável.
Eu não sei porque, mas acho que tudo fica mais engraçado quando tiramos sarro do que podíamos chorar, como a velhice chegando e todas as suas impossibilidades corporais que virão a frente. E essa mistura de zoar os clássicos indiretamente com zoar problemas do cotidiano, funciona muito bem para um filme simples e cativante de comédia.
Eu sempre vou defender a ideia de que o Stallone é como o Axl Rose, ele faz muito bem as coisas, mas quando quer, você consegue ver suas atuações passando do 8 ao 80, tudo depende do quanto ele acha que vale a sua atuação em tal filme. Nesse, por alguma razão nostálgica, ele opta por se esforçar para parecer aquele pobre coitado apaixonado que largou tudo pela dor de um amor e, olha, funciona. De Niro, que anda mais perdido do que nunca em filmes de comédia de gosto duvidoso (nunca mais faça um filme com o Zac Efron), parece que também entrou na jogada de se sentir tocado por “voltar” com um personagem clássico.
O filme funciona para dois tipos de público, para os que já assistiram O Touro Indomável e Rocky, e para os que nunca viram, desconhecem, mas só querem assistir um filminho para passar o tempo e achar engraçado. Funciona muito melhor para quem conhece os dois filmes, até porque tem muitas sacadas dos outros filmes, quase como homenagens, principalmente para o Rocky.
Meu maior problema é a falta de equilíbrio que ele tem, pois não consegue deixar ambos atores como protagonistas. Um acaba brilhando mais de um terço do filme e o outro tem o seu momento (um momento muito lindo por sinal, uma das surpresas do filme) apenas no final, para resolver o problema ou limpar a bagunça e não deixar óbvio. Outro ponto problemático é esse tipo de fetiche que o Stallone tem desde o Rocky em mostrar que podemos superar nos problemas para lutar, pelo amor ao esporte. Isso soa repetitivo, mas apenas para quem conhece a história.
Por fim, o filme é muito bom para o gênero que é, uma comédia dramática que não quer ser nada além do que uma homenagem e entretenimento para o público que ama os dois. Um destaque para Alan Arkin que parece que tudo que faz, faz muito bem. E uma vontade de esquecer Kevin Hart, que parece que insiste em viver o mesmo personagem todo o filme, cheio de estereótipos até preconceituosos, lamentável, mas o bom é que ele vai sumindo conforme o filme.