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Filmes perdidos na Netflix: 360 - a vida é uma confusão eterna.

Confesso que tenho certa adoração por filmes que a maioria das pessoas chama de “indie”, embora ache esse termo pior que usar “Ok” para definir um filme. Para os perdidos, filme indie são aqueles que abordam a vida geralmente como ela é, sabe? Sem muitas reviravoltas mirabolantes, sem muita felicidade excessiva e tenta mostrar como as coisas simples são realmente as mais bonitas da nossa vidinha insana.

Assim fui atraído pelo trailer de 360. Achei bonitinho, falava da vida e de todo aquele blá blá blá emotivo que me atrai. O achei perdido em um canto escuro da Netflix (vocês já pararam para ver o que tem nesse canto? É absurdo o tanto de filme que tem lá e você não sabe) e comecei a ver sem medo de ser feliz. E ai veio, veio devagar, mas veio, a grande e única: decepção.

Para eu não ter que explicar a sinopse do filme, trailer aqui.

Um filme que fala da vida, bonita e confusa como ela é. Com atores de peso como Jude Law e Anthony Hopkins e direção do único (único tanto no aspecto positivo como negativo) Fernando Meireles, como isso poderia sair ruim? Simples, é confuso, não cativa e tem um sério problema de construção de personagens.

Na primeira meia hora ele quer te apresentar, mais ou menos, cinco personagens, e vai os construindo, cheios de estereótipos clichês e preguiçosos (vícios, canalhices e tabus) e rapidamente já te joga todos os problemas deles. Passa esse tempinho, e os próximos quarenta minutos, ele te apresenta os novos personagens, mas de uma forma mais lenta, e constrói todos com muita paciência e carisma, ponto que faltava no primeiro grupo. Não sei se é pelo fato do carisma, mas esses conquistam e trazem um pouco mais de veracidade a trama. Você gosta e até quer se aproximar. Nele vemos Anthony interagindo de uma forma muito bonita com a atriz brasileira Maria Flor, mostrando esses encontros e desencontros de conhecer novas pessoas. Porém, por algum motivo ele dá uma pequena descartada em Anthony e só o traz de volta para o fim do segundo ato para ser uma espécie de isca para o começo do terceiro ato.

Chega o terceiro e você tá de boa, espera que seja tão bom e que mantenha os personagens, mas não! Ele descarta todos de novo e traz novos personagens preguiçosos. Não quer nem saber de apresentar eles e só quer destacar seus problemas para misturar todos os novos personagens entre si, puxar o gatilho e atirar para o seu fim. Mas ai você pensa, o filme se chama 360, certeza que ele vai ligar com o começo do filme, porque é óbvio! Sim, ele faz isso, mas de uma forma tão preguiçosa e descompromissada, que você nem lembra mais dos atores do começo, eles estavam lá sem motivo e acabam sem motivo, quem se odiava já se ama e ele tenta trazer uma nova narradora (?) para dar aquela frase de impacto e fim, FIM.

Sério, parece aquele tipo de filme que o diretor quis ser ambicioso ou deram poder demais para ele e quis trazer um milhão de atores bons, colocar todos na avenida para sambar, sem passar enredo algum. Chega a ser frustrante ver possíveis bons personagens, mal construídos e depois destruídos, sem compromisso algum.

Mas, a vida não é assim? Conhecemos pessoas sem se quer saber seu passado, gostamos delas e do nada, somem. Sim, a vida é assim, e acredito que isso seja uma das coisas mais bonitas e tristes dela, mas não é isso que o filme quis passar. Só pelo nome você tem noção que na verdade ele queria falar que de alguma forma todos estão conectados, mas cara, não dá para você mostrar uma conexão entre todos os personagens sem apresentá-los direito e nem usar atores famosos como chamariz de um filme. Fica confuso e desnecessário, assim como deve ter sido produzir essa trama, bem feita nas coxas.

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