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  • Pedro Kiss E Fernanda Durante

DUAS OPINÕES, UMA SÉRIE: GILMORE GIRLS: UM ANO PARA RECORDAR


Opinião 1: Fã enlouquecida de Gilrmore Girls que descobriu a série há pouco tempo e maratonou:

Depois de tanto tempo de espera e de ansiedade vendo os trailers e imaginando como seriam os novos episódios, eu finalmente assisti a Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar. Fiquei animada, me emocionei, mas a verdade é que esperava mais do revival. Por ser fã da série, posso ter criado algumas expectativas? Sim. Mas, vou falar sobre minhas impressões. Aviso: vai ter spoiler!

A emoção já começa com a abertura, quando ouvimos algumas das falas mais marcantes das sete primeiras temporadas. Com certeza, ter a chance de rever os personagens depois de tantos anos do fim de Gilmore Girls é uma das melhores sensações. É impossível conter o sorriso e a animação conforme os moradores de Stars Hollow vão aparecendo em cena. Mas, o coração bate forte mesmo quando vemos a morte de Richard Gilmore ser explorada ainda no episódio “Inverno”. O ator Edward Herrmann faleceu em 2014 e tratar das consequências da perda uma pessoa querida foi uma ótima escolha dos roteristas, já que eles poderiam ter dado outra desculpa para que o personagem não aparecesse. A ausência de Richard trás ótimas cenas para o revival e cria o melhor arco de personagem dessa nova temporada.

Lorelai continua encantadora! Ela está em um relacionamento estável, porém estagnado, com Luke e enfrenta problemas por conta da morte do pai, da saída de Sookie do Dragonfly Inn e da possível partida de Michel, que procura um emprego em um local mais reconhecido. Lauren Graham nasceu para fazer essa personagem! Ela continua com o mesmo ritmo de antes, piadas sarcásticas, falas rápidas, conselhos verdadeiros, momentos dramáticos e tudo que nós mais amamos.

Rory foi minha maior decepção na série. Todos entendemos que ela cresceu e enfrenta a dificuldade do mundo adulto, mas parece que a essência da personagem mudou. Eu nunca imaginaria que ela manteria um relacionamento de dois anos com um rapaz que ela não se importa (exageradamente, não lembra nem o nome dele) e ao mesmo tempo teria um caso com Logan, que está noivo. Por outro lado achei muito legal mostrarem que, mesmo sendo uma garota inteligente e esforçada, ela passa por dificuldades para encontrar um emprego, como a grande maioria dos jovens. Mais legal ainda é a ideia de transformá-la em escritora. Rory sempre viveu cercada por livros e fazê-la escrever a própria história da série foi incrível! Como se todas as sete temporadas de Gilmore Girls fossem, na verdade, o livro de Rory.

A maior surpresa de toda a série é, sem dúvida alguma, Emily Gilmore! Kelly Bishop entrega a melhor atuação do revival e, meu Deus, que desfecho sensacional para a personagem. Emily sempre foi uma mulher que viveu em função de seu marido e agora, com a morte de Richard, precisa lidar com o luto e aprender a viver para si mesma. O que é a cena em que ela se desfaz de tudo possui porque aqueles bens materiais não trazem alegria alguma? Como se tudo aquilo, as roupas, a mobília, a casa, não passasse de um status que agora não faz mais sentido para ela. O final que sua personagem tem é lindo e merecido.

Apesar de eu ter ficado feliz com a volta da maioria dos personagens, não posso deixar de falar que algumas aparições de personagens secundários na série foram mínimas e outras totalmente desnecessárias. Um exemplo disso é quando Tristan aparece por segundos só pra ser um assunto de uma conversa de banheiro entre Rory e Paris ou quando Jackson tem uma participação rápida durante um dos festivais da cidade e não aparece nunca mais. Até Sookie, uma das personagens mais esperadas pelos fãs, tem uma participação muito pequena. Sabemos que foi difícil a negociação para a volta de Melissa McCarty, mas a desculpa que arrumaram para ela aparecer somente no último episódio foi péssima. Quem acompanhou a série sabe o quanto Sookie ama seu trabalho na Dragonfly e o quanto ela lutou para abrir a pousada junto com Lorelai, o que tornaria difícil ela largar esse sonho para se arriscar em um novo emprego que não tem nada a ver com ela.

Muitas passagens do roteiro também parecem não fazer muito sentido e ficam jogadas durante o desenrolar da história. Afinal, Michel vai ter um filho ou não vai? Quem é o marido dele? O que é aquela carta pela qual Lorelai e Emily discutem? O que estava escrito nela? Porque colocar um novo namorado para Rory, com o qual ela se relacionou por dois anos, se ela sequer lembrava dele? Infelizmente, nenhuma dessas perguntas são respondidas.

O revival tem cenas lindas e emocionantes, como o velório de Richard, Lorelai ligando para a mãe para contar uma lembrança boa que tem com o pai, o casamento de Luke e Lorelai. Mas, com certeza, a cena final foi uma das mais esperadas pelos fãs! Rolou o maior suspense sobre as quatro palavras finais da série. Todos estavam tentando advinhar o que seria. Eis então que descobrimos o tal diálogo:

“Rory: Mãe...

Lorelai: Sim?

Rory: Estou grávida.”

COMO ASSIM?! Quer dizer, adorei o fato de mostrarem o “ciclo da vida”, como Lorelai e Emily comentam algumas cenas antes. Mas, essa frase vem com dois problemas. O primeiro é: Quem é o pai? Grande maioria acredita que o filho seja do Logan, já outros apostam no sexo casual que Rory fez com o Wookie. O segundo: O que os fãs fazem com a curiosidade de saber a continuação disso? Tanto, que muitos já estão apostando em uma nova temporada! Será? Esperamos que sim!

Apesar de ter muitos problemas, “Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar” é como um abraço caloroso em um velho amigo. Daquele tipo que serve para matar as saudades. Mesmo que não tenha atingido a expectativa de muitos, eu mesma me incluo nesse grupo, não podemos ignorar o fato de que o revival cumpriu seu papel de levar os fãs novamente para Stars Hollow.

Opinião 2: Fã da série que acompanhou ela toda na época em que foi lançada.

Não vi nem um episódio se quer desde a época em que a série acabou, mesmo assim lembro de cada personagem, enredo e gostava muito de ver, principalmente porque assistia com a minha mãe, esperando os episódios semana após semana. Então, do nada todo mundo começou a lembrar da série, fazendo maratona e amando, até o dia que a Netflix veio com a novidade da nova temporada. Quando estreou, assisti tudo em menos de 24 horas, escondido no trabalho, no restaurante que tinha Wi Fi e quando terminei veio uma sensação muito boa de gratidão. Era realmente tudo que eu esperava.

Para começar achei sensacional a delicadeza da produção da Netflix em colocar praticamente todos os atores, mesmo que eles fizessem 1 minuto de cena, isso era realmente necessário para dar a sensação de que tudo continuou e a vida é assim, vários encontros e desencontros, pessoas que surgem do nada e vão embora do nada. Depois, vem Lorelai com inúmeras referencias do mundo contemporâneo. Ela é a típica personagem que faria mais sucesso se surgisse agora, visto que os filmes e todas as outras produções parecem viver mais dessas referencias do que de uma boa história. O que não é o caso aqui, Gilmore Girls desenvolve um ótimo enredo, mostrando como a vida é uma caixinha de surpresas.

Em diversos momentos esse revival se mostrou necessário, como é o caso da história de Emily Gilmore. Foi sensacional do início ao fim! Mostrar que até uma pessoa idosa pode recomeçar a sua história é inspirador e nos passa aquela mensagem de que nunca é tarde para procurar a nossa felicidade. Outro ponto necessário foi dar o momento que Lorelai e Luke precisavam, principalmente para Luke que depois de batalhar muito, ainda parecia ser deixado de lado por ela e agora realmente ganhou uma importância.

Em compensação, outros personagens tiveram realmente uma trama meio desnecessária, como a sempre chatinha Rory, que só se mostrou mais chata do que era antes e cada vez mais o oposto da sua mãe. Mas, ao mesmo tempo percebi que era necessário que alguns personagens não tivessem o mesmo espaço que Lorelai e Emily precisavam. Digo, Rory foi muito bem aproveitada em certos momentos, mas ela não era o foco da história que a criadora queria contar com esse revival, talvez por isso, Sookie, Dean, Logan, Michel e outros tiveram menos espaço e detalhes na nova história. Eles só precisavam estar ali para ambientar o que Amy Sherman-Palladino queria passar.

Quanto ao seu final, eu achei muito bom, mas ao mesmo tempo perigoso, porque se ele foi usado apenas para finalizar e dizer: “agora o círculo está completo, uma nova geração vem aí” é ótimo, mas se foi um possível gancho para uma volta de uma nova temporada, sinto cheiro de problema. Realmente não precisamos de mais uma temporada, acabou de um jeito ótimo.

Em resumo: Gilmore Gils não agradou a todos, mas esse é o problema de tudo em que se cria expectativa. As pessoas imaginam de um jeito e isso, sinceramente, é culpa delas, já que os seus quatro episódios ficaram redondinhos, passaram uma ótima mensagem e conseguiram resolver muita coisa que o tipo de série que era antigamente (com 20 episódios por temporada enrolando só para ter enredo) não conseguiu.

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